segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Livros, mercado editorial e... Paulo Coelho?!

Pois é. Coisas interessantes podem sair dos lugares mais inusitados.

Na verdade não irei aqui resenhar um livro de Paulo Coelho (link) e sim a biografia O Mago (Planeta/2008), escrita pelo Fernando Morais. Como não se trata de um lançamento,comprei meu exemplar, bem baratinho, uns quatro meses atrás. Não nego, inclusive, que adquiri muito mais pela sempre agradável leitura de Fernando Morais do que pelo biografado.

Mesmo assim, a leitura me fez rever alguns conceitos. Um deles é que o Paulo Coelho não tem o que falar. Antes da biografia, acreditava na teoria de muitos críticos literários que o conteúdo das obras de Coelho é pura presepada, papo furado embalado em esoterismo de padaria. Não é bem assim. A história de sua vida confirma que o escritor, um dos mais lidos no mundo, acredita no que diz.

Daí o leitor também acreditar é outra história. Particularmente, li três livros do Paulo Coelho e achei um pior que o outro. Justamente porque essa história de o universo conspira a seu favor, lenda pessoal não é exatamente a minha praia. Isso não significa que não faça sentido para outras (muitas) pessoas.

Em tempos de Crepúsculo e 50 tons de cinza, Paulo Coelho me parece o percursor de uma clara tendência de valorização pelos leitores de histórias tocantes e fáceis de ler. Ou seja, o estilo perdeu espaço para a fluência narrativa, pelo menos quando falamos de livros com vocação para grandes tiragens.

A biografia, entretanto, me ganhou, de fato, por contar a história de um escritor. Primeiro pelo desejo obsessivo de Paulo Coelho. Quem conhece a trajetória de teatrólogo, satanista, compositor, executivo da indústria fonográfica, talvez não imagine que o grande desejo de Coelho, desde criança, fosse se tornar um grande escritor, lido em todo o mundo. E olha, convenhamos, ele teve vários bons motivos, em várias oportunidades, para desistir dessa ideia. Mas não desistiu. Ponto para ele.

Um segundo ponto que me agradou foi conhecer as estratégias usadas para alcançar o sucesso no início da carreira como escritor. Várias mal sucedidas inclusive. Até uma Editora, com certo sucesso como negócio, Paulo Coelho empreendeu. Sabiam? E os "mega sucessos" anteriores a O Diário de um Mago? Conhecem as obras Teatro na Educação (1973) Arquivos do Inferno (1982) e Manual Prático do Vampirismo (1985)? Pois é, eu também não.  

Depois de contar todas as peripécias e tentativas do escritor para, finalmente, entrar na lista de best-sellers, o livro também descreve as ações que o fizeram alçar outro patamar. De escritor bastante lido para um verdadeiro fenômeno de vendas não só no Brasil, mas no mundo todo. Claro que nem tudo deu certo, como nem tudo foi estrategicamente arquitetado. Momentos de sorte, azar, erros e acertos aconteceram. Mas está tudo lá, cada detalhe, cada briga com os críticos, casa jogada mercadológica.

Por isso gostei muito da leitura, e recomendo, principalmente, para quem, como eu, tem interesse no mercado editorial. Impossível passar ileso pela história do escritor vivo mais traduzido em todo o mundo. Independente da decisão de ler os seus livros ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário